Por Comunicação Baía Viva 

O Movimento Baía Viva, em conjunto com outras entidades, protocolou junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Cidade – SMAC, uma carta manifestando preocupação com a situação do Parque Estadual da Chacrinha (PEC), na Zona Sul carioca, uma unidade de conservação cujas trilhas estão fechadas desde abril de 2019 e os detritos produzidos pelo deslizamento (solo, fragmentos de rochas e troncos de árvores) que se acumularam na parte inferior da cicatriz sequer foram removidos até o presente momento.

A campanha empreendida por esse grupo em defesa do jequitibá-de-manta da Chacrinha, o mais antigo morador de Copacabana, resultou em alguma iniciativa da antiga gestão desta Secretaria, através da publicação no último dia 6 de novembro da Resolução SMAC no 029 de 21/10/20, que prevê algumas medidas importantes para o monitoramento dessa árvore secular.

Na carta, os grupos Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (SEAERJ), Pastoral da Ecologia Integral da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Rio de Janeiro (AEARJ), Centro Cultural da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (CCSEAERJ), Associação de Moradores da Praça Cardeal Arcoverde, Movimento Sócio-ambiental Cultural e Histórico do Lido e Adjacências, Associação Profissional dos Geólogos do Estado do Rio de Janeiro (APG-RJ) e o Movimento Baía Viva solicitam que a área afetada pelo deslizamento de abril de 2019 ainda apresenta risco de novos acidentes, visto que foi enfatizado pelos técnicos que o assinaram que “a pista deve ser mantida interditada até que obras de estabilização sejam realizadas”.

Os grupos das entidades profissionais, como das organizações da sociedade civil que compõem esse movimento não medirão esforços para a restauração do ambiente natural e cultural de nossa Cidade, consideramos que essa colaboração deva ser continuada e, nesse sentido, veem como crucial reconstituição do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Chacrinha.

Sobre o Parque Estadual da Chacrinha – PEC
Criado pelo Decreto Estadual nº 32.574, de 30 de dezembro de 2002, o PEC mantém uma das últimas áreas de mata do bairro de Copacabana, um dos mais densos aglomerados populacionais do país. Apresenta uma mata importante para amenização climática da região e para a preservação de remanescentes de ecossistemas ali encontrados, inclusive a rica vegetação rupícola das encostas do Morro de São João. Administrado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, do Parque é possível observar as ruínas do início do século XX, os caminhos das mulas utilizadas para transporte de alimentos e água no Brasil Colônia, a ruína da casa mais antiga de Copacabana, e em seu entorno imediato pode-se visualizar o aqueduto do século XVIII na vila militar da Babilônia, onde Tiradentes serviu.
Mais informações sobre o PEC no site do INEA

Leia a íntegra da carta encaminhada ao Sr. Sr. Eduardo Cavaliere, Secretário Municipal de Meio Ambiente da Cidade – SMAC :

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2021

Ao Sr. Eduardo Cavaliere

Secretário Municipal de Meio Ambiente da Cidade – SMAC

Senhor Secretário, Primeiramente, gostaríamos de desejar a V.Sa e equipe uma excelente gestão à frente da SMAC, especialmente no que se refere às unidades de conservação municipais. Desde 2019, um grupo de representantes de entidades profissionais e organizações da sociedade civil vêm atuando no intuito de promover melhorias no Parque Estadual da Chacrinha (PEC), unidade de conservação sob responsabilidade da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Essa iniciativa partiu de alguns conselheiros do Clube de Engenharia, principalmente após o deslizamento de encosta que afetou a área florestada do PEC na noite de 8 para 9 de abril de 2019. A partir desse episódio, outras entidades se somaram nesse esforço, em parte devido à duradoura imobilidade da antiga gestão municipal em atuar na revitalização do PEC.

A campanha empreendida por esse grupo em defesa do jequitibá-de-manta da Chacrinha, o mais antigo morador de Copacabana, resultou finalmente em alguma iniciativa da antiga gestão desta Secretaria, através da publicação no último dia 6 de novembro da Resolução SMAC no 029 de 21/10/20, que prevê algumas medidas importantes para o monitoramento dessa árvore secular. Vimos essa iniciativa como uma conquista das entidades e individualidades envolvidas na campanha que, no entanto, só será efetivada com a aplicação das medidas previstas naquela Resolução.

Seguimos, no entanto, preocupados com a situação desta unidade de conservação, cujas trilhas estão fechadas desde abril de 2019 e os detritos produzidos pelo deslizamento (solo, fragmentos de rochas e troncos de árvores) que se acumularam na parte inferior da cicatriz sequer foram removidos até o presente momento.

Reiteramos que o laudo de vistoria no 0364 de 9 de maio de 2019 emitido pela Fundação GeoRio, considera que a área afetada pelo deslizamento de abril de 2019 ainda apresenta risco de novos acidentes, visto que foi enfatizado pelos técnicos que o assinaram que “a pista deve ser mantida interditada até que obras de estabilização sejam realizadas”. Desta forma, a reabilitação da área afetada pelo deslizamento é de vital importância, pois caso não sejam realizadas obras de estabilização e drenagem, chuvas de grande intensidade poderão provocar novos deslizamentos, ameaçando a integridade das construções históricas existentes na encosta florestada e dos bens públicos, bem como a estabilidade do notável exemplar de jequitibá-de-manta.

Finalmente, querendo somar esforços para a restauração do ambiente natural e cultural de nossa Cidade, consideramos que essa colaboração deva ser continuada e, nesse sentido, o Clube de Engenharia e demais entidades partícipes desse processo veem como crucial reconstituição do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Chacrinha. Assim, voltamos a manifestar em nome tanto das entidades profissionais, como das organizações da sociedade civil que compõem esse movimento, o mais vivo interesse em participar desse Conselho, assim como nós do Clube de Engenharia, uma entidade com 140 anos de existência.

Tomamos a liberdade de recomendar a participação nesse Conselho de dois órgãos importantes: o Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e o Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (INEPAC), por ser o PEC tombado por este órgão Estadual. Colocamo-nos à disposição para colaborar com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Cidade e quaisquer outros órgãos, no sentido de contribuir para a revitalização do PEC e na preservação do nosso Patrimônio Histórico e Natural.

Atenciosamente,

Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (SEAERJ), Pastoral da Ecologia Integral da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Rio de Janeiro (AEARJ), Centro Cultural da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (CCSEAERJ), Associação de Moradores da Praça Cardeal Arcoverde, Movimento Sócio-ambiental Cultural e Histórico do Lido e Adjacências, Associação Profissional dos Geólogos do Estado do Rio de Janeiro (APG-RJ) e o Movimento Baía Viva.