Por Thereza Dantas, comunicadora e integrante do Movimento Baía Viva

O Estado do Rio de Janeiro não difere, no calendário do fogo, do restante do país. Nesse ano, dois grandes incêndios já destruíram algumas centenas de hectares nas Serra das Araras e na Serra dos Órgãos. Por conta desse histórico de incêndios florestais, o Mosaico Carioca, órgão responsável pelo monitoramento e segurança de áreas protegidas localizadas no estado do Rio de Janeiro, preocupado com o avanço das queimadas, lançou, no mês de julho, o INFOgo.

O protocolo criado pela equipe do Mosaico Carioca de Áreas Protegidas é simples. Profissionais do Mosaico Carioca criaram o grupo INFOgo no whatsapp, um popular aplicativo multiplataforma de mensagens para smartphones. Com esse protocolo abriram um canal de comunicação onde qualquer pessoa da sociedade civil pode enviar fotos ou vídeos, passar a localização e escrever informando sobre o incêndio ou queimada. Ao receber a mensagem da ocorrência é acionada outra mensagem para verificação realizada por monitores espalhados estrategicamente, e após confirmação, o disparo aos órgãos competentes para atendimento imediato. O número do whatsapp do INFOgo é: (21) 99944-8155.

Para um dos criadores do INFOgo, o engenheiro florestal Celso Junius, “enquanto o aplicativo oficial INFOgo não fica pronto, vamos utilizar esse sistema que ajudará a informar focos de incêndios florestais de maneira prática e rápida. O fogo não espera”, explica Junius.

Das coivaras às queimadas, qual a medida do fogo?
Segundo a definição da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju, a coivara é o “resto ou pilha de galhos não queimados, na roça e que se juntam para serem incineradas novamente. Pessoa magra como se fosse um monte de galhos. Tem origem Tupinambá, koîbara “monte de galhos secos juntado na roça”. É uma tradição da agricultura dos povos e comunidades tradicionais como quilombolas, indígenas, caiçaras e ribeirinhos no Brasil. A plantação inclui o corte, a derrubada e a queima da floresta nativa, onde o fogo desempenha papel fundamental. É a base de uma agricultura itinerante, de poucos anos de cultivo, seguidos de muitos anos de repouso.

O problema que o que era uma tradição da agricultura familiar, virou uma cultura de destruição, ampliada na escala e propagada principalmente pelo agronegócio. E o que era um assunto interno, localizado, virou assunto internacional depois do dia 10 de agosto de 2019, o Dia do Fogo. Em uma ação coordenada por fazendeiros do Pará em apoio à política ambiental do atual governo, ateou-se fogo na Floresta Nacional do Jamanxim, área de proteção ambiental localizado no sul do estado nortista. O resultado é que na Amazônia de 2019, as queimadas no mês de agosto sofreram o aumento de 196% em comparação com o mesmo mês de 2018 (31 mil focos contra 10 mil).

Todos os estudiosos e pesquisadores são unânimes em afirmar que não existe fogo natural. A geógrafa e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM, Ane Alencar, reforça essa informação. “Característica das queimadas é que são intencionais, e 100% da atividade de fogo é iniciada por um ser humano”, afirma.

São três os principais tipos de fogo na Amazônia, segundo Ane Alencar. “Existe o fogo pós desmatamento recente, com a queima das árvores secas que foram derrubadas, o fogo para manejo agropecuário, utilizado para limpeza de pastagens, e finalmente, os incêndios florestais. Esse último é o resultado de quando o fogo de desmatamento e o fogo para manejo agropecuário escapam e entram na floresta. A Floresta Amazônica, nos meses da seca, que vai de maio a setembro, tem baixa umidade, e ela perde a sua capacidade de barrar o fogo”, explica a pesquisadora.

No Estado do Rio de Janeiro, segundo o Instituto Estadual de Ambiente (INEA), além da conhecida prática de limpar a terra para pastagem ou plantio agrícola, podem favorecer a ocorrência de incêndios a queima do lixo, soltar balões e fogueiras em acampamentos. Por isso é tão importante a participação dos cidadãos na identificação de focos de incêndios, e o novo canal de Comunicação, o INFOgo, vem no intuito de incentivar a população a cuidar do Meio Ambiente, enviando as denúncias de focos de incêndio para whatsapp do INFOgo: (21) 99944-8155.

Mas além do INFOgo é possível, no caso de identificar algum incêndio florestal, ligar para a Central do Corpo de Bombeiros: 193. As denúncias também podem ser feitas pelo Linha Verde, do Disque-Denúncia: 0300 253 1177 (interior do estado, custo de ligação local) ou 2253 1177 (capital).

 

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