Um conflito envolvendo direitos sociais, revitalização urbana e interesses comerciais tomou conta do centro da cidade do Rio de Janeiro. A Casa de Referência da Mulher Almerinda Gama, localizada na Rua da Carioca, está sob ameaça de despejo. O imóvel, ocupado há dois anos pelo Movimento Olga Benário, oferece atendimento e acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica e suas famílias. A ocupação deu função social a um prédio que estava abandonado há oito anos, desde o fechamento da loja Guitarra de Prata que ali funcionava.
A ameaça de reintegração de posse ganhou força com um novo projeto apoiado pelos governos estadual e municipal: a criação da “Rua da Cerveja”. A iniciativa visa substituir a identidade atual da Rua da Carioca por um polo de cervejarias artesanais. De acordo com a denúncia, o governo do estado, comandado por Cláudio Castro, nunca abriu canal de diálogo com as mulheres do movimento, optando diretamente pela ação judicial de despejo. O ritmo do processo, que antes era lento, teria se acelerado significativamente com o avanço dos planos para o novo empreendimento comercial.
Há espaço de sobra na Rua da Carioca
O aspecto mais controverso da denúncia é o uso de recursos públicos para subsidiar o projeto comercial. A prefeitura do Rio, através da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPAR), planeja conceder verbas municipais para que empresários possam reformar e manter cervejarias no local. ( Veja o vídeo completo abaixo ). Isso significa que o dinheiro dos contribuintes seria usado para financiar a instalação de estabelecimentos comerciais no mesmo endereço onde hoje funciona um serviço social crítico para mulheres em situação de vulnerabilidade. A situação coloca em lados opostos a política de revitalização econômica da prefeitura e a garantia de direitos fundamentais e proteção social para um grupo vulnerável.

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