Por Thereza Dantas, Comunicação Baía Viva
Você conhece o CONAMA?
Órgão criado em 1982 pela Lei n º 6.938/81 – que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente -, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Em outras palavras, o CONAMA existe para assessorar, estudar e propor ao Governo, as linhas de direção que devem tomar as políticas governamentais para a exploração e preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.
Dito isso, o que essa informação afeta a sua vida? Hoje, 28 de setembro, o CONAMA revogou as resoluções 284 ( Licenciamento de empreendimentos de irrigação), 302 ( Limites de APPs em reservatórios e uso da água) e 303 ( Parâmetros e limites de Áreas de Preservação Permanente, as APPs). Essa decisão afetará a preservação ambiental das praias, áreas de restinga, manguezais, dunas e reservatórios artificiais (represas). Se você mora no território brasileiro, consome água ou gosta de ir a praia essa notícia lhe interessa, pois a partir de agora esses cenários devem mudar.
As resoluções 284, 302 e 303 protegiam de forma precária vários ecossistemas e agora com essas revogações, a qualidade de vida dos brasileiros será afetada com a liberação da especulação imobiliária no litoral, na criação de fazendas nos mangues, ou seu simples aterramento, e na queima em fornos industriais das embalagens e restos de agrotóxicos, comprometendo o devido descarte desses produtos no Meio Ambiente.
Durante as três horas de duração da 135ª Reunião Ordinária da Plenária do Conama, houve algumas tentativas para o cancelamento da votação mas com um órgão devidamente aparelhado pelo atual ministro do Meio Ambiente, seria um milagre que a boiada não passasse. E passou.
Após o término da reunião, o coordenador da Câmara do Meio Ambiente do MPF, Dr. Juliano Baiocchi, requisitou os votos de todos os conselheiros para saber se a Constituição e as leis ambientais foram desrespeitadas nas revogações já que essa aprovação cria uma nova regra. É preciso entender que além das ameaças à fauna e flora, essa política de terra arrasada não é boa para saúde de quem vive na terra arrasada.
Mangue no Estado do Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, o mangue faz parte da paisagem das baías fluminenses. Ele é um ecossistema costeiro de transição entre os biomas terrestre e marinho. É considerado um berçário e base da cadeia alimentar de peixes, crustáceos, dos povos tradicionais e dos moradores das cidades litorâneas. No Brasil, o manguezal é protegido por Lei, e qualquer área de incidência é considerada de preservação permanente (APP), segundo o inciso VII do artigo 4º da Lei Federal Brasileira nº 12.651, de 25 de maio de 2012, mas esse ecossistema segue sendo fortemente ameaçado.
Em Paraty, RJ, um grupo de moradores e ambientalistas vêm denunciando, desde fevereiro de 2020, o aterramento do mangue do Jabaquara, bairro repleto de pousadas e restaurantes voltados para o Turismo. Turismo que se beneficia do mangue durante o carnaval, onde o Bloco da Lama desfila e atrai turistas de todo o mundo, vestidos com “fantasias” de homens da caverna. O grupo questiona o licenciamento simplificado emitido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente para o empreendimento Porto Canoas, da Santa Edwiges Empreendimentos Imobiliários. O processo de aterramento do mangue corre sem estudos e contrapartidas para as demandas ambientais, por isso um abaixo-assinado foi lançado para tentar frear a ação desgovernada da especulação imobiliária. Mas com a revogação da resolução 303 ( Sobre os Parâmetros e limites de APPs) provavelmente o mangue do Jabaquara ficará na lembrança de quem o viu e nas imagens de alguns fotógrafos. Como é o caso desse projeto da fotógrafa Mariana Vergara que apresenta a beleza desse ecossistema nas imagens gentilmente cedidas para o site Baía Viva.
Clique aqui para o abaixo-assinado “PAREM o desmatamento dos manguezais em Paraty – RJ, Patrimônio Mundial.”
Galeria Mangue do Jabaquara
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