Nos dias 2 e 3 de outubro de 2025, foi realizado o 1º. Seminário da Saúde Mental Indígena “Texaî Reko Rã” na Tekoá Sapukai (Terra Indígena Guarani de Bracuí), de Angra dos Reis (RJ), com a presença de delegações de outras comunidades Guarani Mbyá de São Paulo (TI Rio Bonito e TI Tenonde Porã) e da Aldeia Itaxi Mirim, de Paraty.

Foram dois dias de muito diálogo entre várias gerações, de troca de afetos e de escuta ativa entre as lideranças, ‘mais velhos’ (“xeramõi”) e jovens; e de compartilhamento da vivência das famílias no enfrentamento aos problemas de saúde mental que foram agravados com a pandemia COVID-19.

O encontro lotou a área central da aldeia, ao lado da Opy (casa de reza), e teve a presença de representantes da SESAI (Ministério da Saúde), OTSS/Fiocruz, Instituto de Psiquiatria (IPUB/UFRJ), Colégio Indígena Estadual Karai Kuera (SEEDUC), Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ), Prefeitura Municipal de Angra dos Reis e do Movimento Baía Viva.

Os belos cantos ancestrais do coral Guarani, a dança dos xondaros, pinturas corporais e o almoço coletivo com participação da comunidade e convidados contribuíram para construir laços de solidariedade e no acolhimento dos presentes.

Os relatos das experiências vivenciadas pelas comunidades indígenas e por profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) trouxeram um alerta para a necessidade de mais cuidados e atenção com as crianças e com a juventude que através do uso exagerado do celular estão cotidianamente expostos a cenas de violência e uso de armas de fogo, ao bullying e a jogos de azar, sendo necessário a adoção de mais ações de prevenção ao uso abusivo de álcool e drogas que provocam situações de violência doméstica e sofrimento psíquico.

A luta pela demarcação das terras indígenas, o fortalecimento cultural e do Nhande Reko (“modo de vida do povo guarani”), a casa de reza (Opy), a presença do colégio indígena e do posto de saúde no território, o respeito à diversidade, a prática de esportes, os banhos de cachoeira, as caminhadas na mata e a realização de plantios comunitários para a produção de alimentos saudáveis foram apontados como fundamentais para a construção do Bem Viver dos povos indígenas e melhoria das condições da saúde física e mental/psicológica.

FOTOS DE CLÁUDIO FAGUNDES