Neste mês de junho de 2025, voltaram com intensidade os incêndios florestais em Maricá e até agora a Prefeitura e a Câmara dos Vereadores não criaram sua Brigada de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais que é obrigatória pela Politica Nacional de Prevenção ao Fogo e reivindicada pelos moradores, movimentos sociais e os povos indígenas Guarani.

A Primeira Brigada Florestal Indígena do estado do Rio de Janeiro, criada este ano, ainda não dispõe de infraestrutura, EPIs, uniformes, ferramentas e veículo adequado para combater com segurança os focos de incêndios que vem destruindo a Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual de Maricá, Unidades de Conservação Ambiental do município e áreas rurais e de produção agrícola.

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Em abril de 2025, através do projeto “Brigada Guarani por Maricá”, coordenado pelo Movimento Baía Viva em parceria com a Comissão de Lideranças da Aldeia Guarani Mbyá de Mata Verde Bonita e apoio do Fundo Casa Socioambiental, foi criada a Brigada Florestal Tembiguá que é a primeira Brigada Indígena do estado do RJ, cuja capacitação de 32 Brigadistas foi feita pelo Programa PrevFogo do IBAMA, órgão técnico do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

No entanto, até o momento, apesar de ter sido solicitado várias vezes por ofícios a doação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), uniformes, ferramentas e veículo adequado para enfrentamento com segurança dos focos de incêndios que vem destruindo (queimando) as matas, áreas rurais e de produção agrícola do município, até o momento os órgãos públicos estaduais (Instituto Estadual do Ambiente -INEA e Corpo de Bombeiros Militar) e a Prefeitura Municipal de Maricá não atenderam esta solicitação. A Brigada Indígena está tecnicamente apta a atuar em ações preventivas, no entanto não dispõe de infraestrutura adequada que é fundamental para o exercício desta atividade de risco.

Com a proximidade do período mais crítico de incêndios florestais no Sudeste que, segundo o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO/MMA), este ano ocorrerá a partir de agosto até março ou abril de 2026, assim como em função do agravamento das mudanças climáticas, é fundamental que o poder público apoie a Estruturação da Brigada Florestal Tembiguá formada por indígenas da Aldeia Guarani Mata Verde Bonita e por moradores/as maricaenses que estão capacitados para atuar em apoio aos órgãos governamentais realizando ações preventivas para evitar novos incêndios florestais, no mapeamento dos focos potenciais de incêndios e em ações de educação ambiental de base comunitária.

O município de Maricá é atualmente o recordista nacional na distribuição dos royalties do petróleo oriundos da exploração do petróleo do Pré-sal, no entanto, contraditoriamente, tem se omitido no desenvolvimento de ações de proteção das suas áreas remanescentes do bioma Mata Atlântica, como a biodiversa Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual da restinga de Maricá que tem 969 hectares que é administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), assim como de 7 Unidades de Conservação Ambiental geridas pelo município nas quais tem ocorrido sucessivos incêndios florestais.