Ele foi uma figura pública ímpar com trajetória histórica digna de um romance. De menino Guaraní,  curumim criado em Cabo Frio, onde nasceu, de pai português, até o posto bem provável , de ter sido o Muso inspirador do romântico-nacionalista José de Alencar. Ou pelo menos dever ter dados uns pitacos para o nobre escritor criar Peri, Ceci, Iracema, entre outros nativos romantizados como ele, José Peixoto Ypiranga dos Guaranys (1824-1873), um nativo brasileiro crescendo entre os colonizadores.

anagrama com AMERICA

“O que mais chama a atenção na história dele é que, no fim do século XX e no início do século XXI, os indígenas foram galgando não só a universidade no primeiro momento, mas no segundo momento foram fazendo mestrado, virando até professores universitários. Esse protagonismo de Ypiranga dos Guaranys é muito importante para jogarmos luz a um fato pouquíssimo conhecido”, destaca Marcelo Lemos, co-fundador do movimento Baía Viva, autor de livros sobre a história indígena fluminense e de crônicas e co-autor do livro sobre o Dr. Ypiranga,  “O primeiro indígena universitário do Brasil — Dr. José Peixoto Ypiranga dos Guaranys (1824-1873)”.

Entre as curiosidades que permeiam a pesquisa, o leitor saberá, por exemplo, que a turma de Ypiranga dos Guaranys na universidade era heterogênea, uma vez que tinha alunos de sete províncias diferentes. Entre os colegas havia futuros juízes, ministros, escritores, parlamentares, nobres do Império. Já o escritor José de Alencar se tornaria, inclusive, padrinho de uma das filhas de Ypiranga dos Guaranys. No primeiro ano do curso, os alunos fundaram Instituto Literário Acadêmico, responsável por publicar a revista Ensaios Literários, na qual publicavam por meio de pseudônimos, pois abdicavam da “glória”. Ali, “rascunhavam” o nascimento do romantismo brasileiro.

AGENDA PRA NÃO ESQUECER

Marcelo ( á direita )

No dia 24 de março, sexta-feira, a partir das 18h, na UERJ, rua São Francisco Xavier n.524, na livraria EDUERJ, no térreo, ao lado do hall dos elevadores, haverá o lançamento do livro com uma roda de conversa com os autores Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira e Marcelo Sant’Ana Lemos,  com os profs. José Ribamar Bessa Freire e Maria Regina Celestino de Almeida . O projeto conta com patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

Sobre os os pesquisadores

Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira – Doutor em História pela UFF (2015). Mestre em História Social pela UFRJ (2010). Bacharel e Licenciado em História pela UFRJ (2001). Professor das redes municipais de ensino de Armação dos Búzios e Cabo Frio. Tem se dedicado a pesquisar questões ligadas à temática da História Indígena, a História Militar e a popularização da História da Região dos Lagos. Em 2010, publicou “Os índios na História da Aldeia de São Pedro de Cabo Frio – séculos XVII-XIX”, em coautoria com Janderson Bax Carneiro. Em 2018, juntamente com Rose Fernandes, publicou “Cabo Frio e a Pesca da Baleia na Ponta dos Búzios (Séculos XVIII e XIX).

Marcelo Sant’Ana Lemos – Possui graduação em Geografia (1986), mestrado em História (2004), ambos pela UERJ. Foi professor do Colégio Pedro II (1993-2011), da rede pública estadual (1999-2006), professor em cursos de pós-graduação na Universidade de Vassouras e na UFRJ.

Veja um vídeo sobre o livro com os autores