Em contraponto direto às ações governamentais, a sociedade civil e movimentos de direitos humanos organizam uma forte reação. Entidades como o Baía Viva e outros grupos que participam do fórum Chega de Chacina articulam uma série de protestos. Está agendada uma grande manifestação para o dia trinta e um de outubro na região da Penha, cujos detalhes de concentração serão definidos após diálogo com as associações de moradores locais.

“O Movimento Baía Viva lamenta as dezenas de vidas perdidas, vítimas das ações racistas dos governos municipal e estadual do Rio de Janeiro, fica à disposição para apoiar e participar da manifestação que os coletivos estão organizando para o dia 31 de Outubro.”, mencionou Thereza Dantas, jornalista do Baía Viva, para a reunião do fórum.

O massacre da Vacaria, arquitetado em forma de batalha campal, com 2500 envolvidos e 121 mortos, foi o maior da história dos confrontos das Polícias Militar e Civil contra os traficantes do Comando Vermelho e o líder não foi preso. Mais uma vez demonstrando que o caminho do enfrentamento direto armado,  sem assistência ou presença do Estado nas comunidades, é um completo desastre. Quem comandou, portanto, está na linha de fogo agora.

Cobertura internacional comove o mundo: é assim que vivem os cariocas ?

Nenhuma IA aceitou estimar quantas pessoas no mundo foram alcançadas pelas mídias espontâneas ou jornalísticas com as notícias da batalha campal arquitetada pelas forças do Estado contra os traficantes do Comando Vermelho. Os números estimados foram ” na casa de centenas de milhões de pessoas “.  Uma lenta resposta vai se formando na opinião pública para julgar os acontecimentos. Os próximos quinze dias serão decisivos para os 6,7 milhões de cariocas.

Os ativistas preparam um manifesto que exige o fim das operações policiais letais e pede o afastamento do governador Cláudio Castro, incluindo a coleta de assinaturas para um pedido de impeachment. Paralelamente, partidos políticos articulam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a conduta do governo estadual e planejam enviar denúncias formais a órgãos internacionais de direitos humanos. O movimento também organiza frentes de trabalho para mapear vítimas hospitalizadas e criar um fundo de financiamento coletivo para auxiliar as famílias nos custos de funerais. Um novo ato está programado para o dia cinco de novembro, no Palácio Guanabara.

A reação das autoridades ao massacre

A escalada da violência no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, provocou novas e distintas respostas dos governos estadual e federal. O governador Cláudio Castro defendeu – ainda – a continuidade e a intensificação das operações policiais na área, classificando-as como ” necessárias para o combate ao crime organizado e a garantia da ordem “. Nada foi dito sobre o apagão da Polícia Técnica e das perícias que não recolheram provas nem ao menos os corpos dos atingidos, ainda não identificados.

As ações de combate ao crime no governo Claudio Castro têm sido marcadas por longos períodos de confronto e alta letalidade. Em resposta à grave situação humanitária e ao crescente número de vítimas, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sinalizou uma maior participação do governo federal. Discute-se a possibilidade de envio de recursos ou apoio logístico para o estado, ao mesmo tempo em que se debate a necessidade de as operações de segurança respeitarem as diretrizes judiciais vigentes para a proteção da população civil. A articulação entre o estado e a União busca encontrar uma solução para a crise de segurança que afeta 110 mil moradores, em 26 comunidades nos complexos da Penha e Alemão. É o único sinal de esperança no momento, luz de vela no fim de um túnel que parece infinito. Mas não é.

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