número 7 bacia do rio Suruí

Um acidente na rodovia BR116, altura do km 130, nesta terça-feira, por volta das 15h, deu início a um mês de outubro sombrio para os pescadores artesanais naquela região, do Rio Suruí, uma das mais importantes bacias hidrográficas da Baía de Guanabara.

caranguejo morto

Dois caminhões de combustíveis colidiram, em condições ainda não esclarecidas, e um deles tombou sua carga de óleo dentro do Rio Suruí.

O trecho fica perto de Magé, pista sentido Teresópolis. Duas pessoas ficaram feridas e foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros de Magé. O INEA foi acionado e a concessionária EcoRioMinas também enviou equipe para a ocorrência.

Mas foram as lideranças locais, da Associação de Caranguejos do Rio Suruí – ACAMM, que começaram a mobilização para divulgar a contaminação e procurar barreiras de contenção, como mostra o vídeo ( na home do site ). A primeira comunicação partiu do voluntário do Baía Viva, Cláudio Brígido, alguns minutos depois do acidente.

Apesar da rápida mobilização, não foi possível evitar uma grande contaminação no Rio. E com a quantidade prevista de 20 mil a 50 mil litros, os caranguejos já estão morrendo no local. Misturado à água o material contaminante vai chegar hoje à Baía de Guanabara, pela foz do Rio Suruí. Os caranguejos, sustento de pescadores locais, já começaram a morrer. Na comunidade da Ilha da Matinha, os pescadores reclamam que  barreiras de contenção não vão impedir a penetração do óleo no mangue, onde precisaria material absorvente para drenar o contaminante. A comunidade foi a mais atingida.

Providências de contenção devem ocupar a semana de trabalho

Hoje, dia seguinte ao ocorrido,  já foram vistas as barreiras de contenção colocadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e demais órgãos públicos para conter o óleo e reduzir os impactos sobre o manguezal, Rio Suruí e os territórios pesqueiros.

” É um absurdo este continuo sacrifício ambiental da nossa Baía de Guanabara. Sugerimos que o CBH-BG – comité de bacia hidrográfica –  junto com o Subcomitê Oeste encaminhem imediatamente este caso para os Ministérios Público Federal e Estadual visando apurar responsabilidades civis e eventualmente criminais, assim como para a Defensoria Pública Estadual que tem a competência legal de exigir o ressarcimento das famílias de Pescadores e Caranguejeiros que ficarão impedidos de trabalhar por um período enquanto durar os impactos da presença do óleo no meio ambiente ” declarou o coordenador do Movimento Baía Viva, Sérgio Ricardo Potiguara.

Acidente acontece no início do defeso

O defeso é um período concedido à natureza para se recuperar de danos da pesca predatória. Uma vez no defeso, pescadores não podem pescar certas espécies porque naquele período elas estão se reproduzindo e crescendo até o ponto de serem pescadas. O acidente aconteceu exatamente no início do defeso dos caranguejos, fonte de sustento de pelo menos 500 famílias na região. A contaminação vai evitar a reprodução e aniquilar os espécimes que acabaram de nascer e começar a crescer.

 

 

Fotos : ACAMM