Teve início hoje, sexta-feira, o Seminário sobre a Saúde Ambiental da Baía de Guanabara e dos Povos da Sub-Bacia do Canal do Cunha. O evento, que acontece na Escola Politécnica Joaquim Venâncio da Fiocruz, em Manguinhos, reúne cerca de 100 participantes, incluindo pescadores artesanais, indígenas em contexto urbano, integrantes de movimentos sociais, pesquisadores e representantes de órgãos públicos. A programação, que se estende das 8h às 17h, incluiu um café da manhã de abertura e conta com almoço coletivo.

O Evento é parte integrante de um projeto maior,  junto a comunidades pesqueiras e moradores da região da Sub Bacia do Canal do Cunha, no trecho Oeste da Baía de Guanabara, do Plano Integrado de Saúde nas Favelas-RJ que mobiliza 146 coletivos em vários municípios fluminenses, com apoio da FioCruz e Baía Viva. Quem abriu o evento foi um dos Vice-presidentes da FioCruz, Valcler Fernandes.

” Quando a gente está mais unido,  a gente pode reverter no Congresso Nacional essa questão que a gente está vendo aí,   os problemas que a gente tem na política. E eu acho que a gente pode fazer muito mais, acho que essa conferência, na década dos oceanos, o encontro de 2027, que vai acontecer aqui no Rio de Janeiro vai ser o momento” destacou Valcler Fernandes.

O coordenador do Plano Integrado de Saúde nas Favelas-RJ, Richarlls Martins, falou em seguida, agradecendo. ” O  Baia Viva sempre trouxe para a gente que era possível pensar a temática de saúde nas favelas considerando a temática ambiental e a temática das águas. Então, assim, eu posso dizer hoje que nós somos organizações, um projeto e uma ação institucional, interinstitucional muito melhor, porque nós temos organizações como o Bahia Viva” declarou.

O objetivo central do encontro é construir coletivamente um Plano de Ação voltado para a saúde ambiental do ecossistema da baía e, principalmente, para a saúde dos povos tradicionais que dependem diretamente de seus recursos e sofrem com os impactos da poluição, particularmente na sub-bacia do Canal do Cunha, uma das áreas mais críticas.

A iniciativa busca integrar o conhecimento acadêmico com os saberes tradicionais e experiências das comunidades, promovendo um diálogo de saberes para pressionar por políticas públicas efetivas. A frase é praticamente o lema do NIDES, Núcleo Interdisciplinar de Desenvolvimento Social da UFRJ, que esteve representado na abertura do evento, por seu diretor, Felipe Addor.

” O NIDES tem sido um espaço estruturante para a UFRJ dialogar com a sociedade, mas também para outras necessidades, para talvez conseguir uma maior integração como a Fiocruz, que eu admiro muito, porque tem esse olhar territorializado, a atuação em Manguinhos ” comentou.  Sérgio Ricardo Potiguara, presidindo a mesa, agradeceu a todos e começou a formar com pescadores artesanais o primeiro debate do dia. O Evento vai durar até às 17h, e ainda pela manhã houve a primeira mesa reunindo pescadores da Baía de Guanabara

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Feliz coincidência com a data do evento.

A data para o seminário é emblemática: hoje faz 82 anos do nascimento do geógrafo e professor da UFRJ Elmo Amador (1943-2010), homenageado no evento. Amador foi um incansável militante ambiental, fundador do Movimento Baía Viva, que durante décadas lutou pela despoluição e recuperação socioambiental da Baía de Guanabara. Sua frase emblemática, “Valeu a pena ser militante!”, ecoa como um legado de resistência que inspira a luta atual.

O seminário representa um passo significativo na articulação entre sociedade civil, academia e poder público, honrando a memória de Elmo Amador ao transformar sua luta em ações concretas e coletivas pela revitalização da Guanabara.