O movimento Baía Viva fez a denúncia e a primeira resposta da Comlurb já veio para a questão de uma limpeza mais profunda, numa área contaminada, às margens do mangue da praia da Rosa, na Ilha do Governador.  O e-mail recebido dá conta que o pedido foi protocolado sob processo n – 007100.001009/2025-15 e será encaminhado ao departamento responsável.

A situação é exemplar para cerca de 5% da área total da Baía, os mangues não protegidos por áreas de preservação, como a APA de Guapimirim. Não estamos falando de lixo flutuante, problema terrívelmente crônico, que atinge a todos por igual, clubes, estaleiros, praias, mangues, piers, etc. Estamos falando de área menor que a soma das praias da Baía, que são limpas diariamente, com muito esforço dos funcionários da Comlurb, debaixo de sol escaldante.

O que estamos falando é também da importância de educação ambiental, promovida, por exemplo, por mutirões, que no segundo semestre de 2025,  foram feitos pelo Baía Viva, junto com  Fiocruz Mata Atlântica, Clínica da Família, Sebastiana Távua, Academia Carioca, Secretaria de Ação Social, e moradores da comunidade da Praia da Rosa, entre eles, o diretor do Baía Viva, Cláudio Fagundes. Que puxou o fio da meada para solucionar o crime ambiental.

Ainda persiste, por falta de consciência, assistência, caçambas e pedidos de retiradas de entulho, o mau hábito  de despejar detritos maiores, entulhos, madeiras, sacos grandes de lixo, pneus, próximos aos mangues. No caso da praia da Rosa é nítida também a diferença de tratamento no mesmo parque público – Corredor Esportivo – e no trecho final desse parque, que tem o último campo de futebol, do lado da clínica da família, onde o mangue foi usado como depósito de grandes detritos durante anos.

” Naquele caso ali é um crime ambiental, transformar a orla da Baía de Guanabara e a área de mangue numa lixeira. Os manguezais são berçários da natureza e têm uma proteção legal como APP, que é Área de Preservação Permanente, tanto pelo Código Florestal quanto pela Constituição Estadual do Rio de Janeiro. Aquela faixa de manguezal foi recuperada a partir dos aterros que foram feitos ali pelo corredor esportivo, moradias e pelo clube, que foi condenado a pagar o reflorestamento daquela área, ” explica o ambientalista Sérgio Ricardo.

Todo manguezal  é muito importante para a manutenção da pesca artesanal e também para o controle de inundações.

” Aquele solo ali está contaminado por pneus queimados, aquele derretimento de fio para tirar cobre, ali está visivelmente contaminado e o que a gente quer é que a comlurb faça a limpeza daquela área para que possa voltar ali a utilizar com os plantios, para o lazer dos moradores e também a volta dos caranguejos, que é o maior indicador ambiental. Os caranguejos sumiram ali da área” conclui.

Olho d’água pode ser recuperado com o reflorestamento em 2026

Quando se iniciou por mutirão o replantio de mudas de espécies frutíferas associadas à vegetação habitual dos mangues locais, viu-se o prejuízo. No terceiro mutirão, do dia 13 de dezembro, foi possível tirar muita coisa, mas o solo precisa ser mexido e a parte contaminada ser retirada. Só a Comlurb tem pessoal e maquinário para tal missão.

O local tem dois olhos dágua, naturais, porém contaminados. E também dois pontos de lixo a céu aberto. No último mutirão, com participação de quase 20 crianças entre os adultos, foi uma aula de educação ambiental na prática. A área já avançou mais dez metros, e quando a Comlurb atender o pedido do Baía Viva em nome de todos, vai ser possível deixar a ” ponta esquecida ” do Corredor Esportivo exatamente como o lado mais bem cuidado pela Prefeitura. E daqui há vinte anos, talvez essas crianças se lembrem de que um dia presenciaram a solução de um crime ambiental.  (AG)