O novo vazamento de óleo ocorreu ontem, 09/11/2025, a tarde na região próxima ao Entreposto Pesqueiro do Gradim, em São Gonçalo (RJ) contaminando as águas da Baía de Guanabara e os territórios pesqueiros tradicionais.
” Os sucessivos derramamentos de óleo na Baía provocam fortes impactos sobre a biodiversidade marinha, geram insegurança alimentar e perda da renda familiar das comunidades pesqueiras e do lazer comunitário em função da poluição das praias”, apontou Sérgio Ricardo Potiguara, coordenador do Baía Viva.
“As diversas autoridades responsáveis nos níveis federal, estadual e dos municípios vem solenemente ignorando a proposta dos pescadores artesanais e do Movimento Baía Viva de estabelecerem um Planejamento de ações fiscalizatórias preventiva e permanente com participação de todos os entes públicos e das comunidades pesqueiras, assim como temos solicitado a criação de um canal oficial de comunicação via WhatsApp onde os pescadores, praticantes de esportes náuticos e moradores possam enviar as fotos, vídeos e relatos com a localização de novos desastres ambientais nas vulneráveis baías fluminenses que vem há décadas sendo sacrificadas por um modelo econômico predatório e poluente e socialmente excludente “, concluiu.
2025 foi ano com vários casos de derramamento e um grande incêndio
O litoral do Rio de Janeiro enfrentou uma série de vazamentos de óleo em 2025, afetando diferentes corpos hídricos. Com base em reportagens do projeto Baía Viva, os principais incidentes foram registrados na seguinte linha do tempo.
14 de Janeiro: Primeiro Vazamento no Canal do Cunha
Uma extensa mancha de óleo foi detectada no Canal do Cunha. Este foi o primeiro registro do ano, e a origem do material permaneceu desconhecida na ocasião.
10 de Março: Novo Registro em Itacuruçá
Um novo vazamento foi denunciado na Praia da Conchinela, em Itacuruçá (Itaguaí), ampliando a área afetada na região.
28 de Abril: Origem Identificada na Baía de Sepetiba
A Secretaria Estadual do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS) apontou o estaleiro Tecnavium, localizado em Itaguaí, como responsável por um derramamento de óleo. A empresa foi autuada.
20 de Maio: Descarte Criminoso no Canal do Cunha
Uma denúncia anônima flagrou um caminhão-tanque descarregando óleo diretamente no Canal do Cunha, próximo à Avenida Brasil, evidenciando um descarte irregular.
25 de Junho: Reincidência no Canal do Cunha
Novas denúncias documentaram outro vazamento de óleo no Canal do Cunha, demonstrando a natureza recorrente do problema na área.
Além desses episódios, um grande incêndio em um tanque da Cosan, na Baía de Guanabara, também resultou em vazamentos de óleo. O incidente contaminou a enseada do Rio Ribeira, afetando a pesca local e somando-se aos danos ambientais causados pelos derramamentos crônicos que já são uma rotina na região.
Nota do Movimento Baía Viva sobre as propostas de Monitoramento Participativo para identificar os responsáveis por sucessivos vazamentos de óleo nas baias fluminenses (Guanabara, Sepetiba e da Ilha Grande)
Após a divulgação hoje cedo, dia 10/11/2025, de vídeo sobre novo vazamento de óleo que ocorreu ontem nas águas da Baía de Guanabara, desta vez na região próxima ao Entreposto Pesqueiro do Gradim no município de São Gonçalo (RJ), o Movimento Baía Viva recebeu nesta manhã mensagens via WhatsApp do Comando da Capitania dos Portos (Marinha do Brasil) e da presidência do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), informando que ambos consideram ótima a iniciativa de criação de um canal de comunicação permanente via WhatsApp para receber denúncias online de pescadores artesanais, moradores das ilhas, passageiros das barcas e praticantes de esportes náuticos que poderiam fotografar e filmar, através dos seus próprios celulares e enviar para um número de WhatsApp gerido pelos próprios órgãos públicos, toda vez que identificassem a presença de óleo no mar oriundos de vazamentos, ondas de lixo marinho (lixo plástico) e outras fontes de poluição, além do avistamento de animais marinhos como os botos cinza e tartarugas verdes que são espécies marinhas já ameaçadas de extinção nas baías fluminenses por causa da intensa poluição por esgotos sanitários não tratados, lixo plástico, óleo e substâncias tóxicas.
O Movimento Baía Viva reiterou para estas autoridades públicas que esta iniciativa pioneira e inovadora cujo custo financeiro é quase ZERO deveria ser tomada por algum dos vários órgãos públicos federais, estaduais e municipais que tem a responsabilidade legal de atuarem na proteção da Saúde ambiental destes ecossistemas marinhos e costeiros que estão extremamente ameaçados pela poluição ambiental, sendo que os territórios pesqueiros tradicionais são os mais ameaçados de contaminação.
O Baía Viva também defende que toda fiscalização por parte dos órgãos públicos nas águas das baías do estado seja feito com a participação das comunidades pesqueiras cadastradas já que são eles que detém os conhecimentos naturalísticos sobre estes ambientes e poderiam estar colaborando com a atuação dos órgãos públicos já que muitas vezes os vazamentos de óleo no mar são feitos pelas mesmas empresas poluidoras em geral de madrugada quando a fiscalização ambiental não funciona.
As comunidades pesqueiras dependem diretamente da saúde ambiental das baias, rios e lagoas e dos manguezais para garantir a segurança alimentar das suas famílias, além da pesca artesanal ser sua única fonte de renda, portanto são os principais interessados na proteção ambiental destes ecossistemas.
Neste sentido, o Movimento Baía Viva reiterou hoje, mais uma vez, a estas autoridades públicas (Capitania dos Portos e INEA/SEAS) que caberia a eles convocarem urgente, se possível ainda esta semana, uma reunião emergencial para criar este canal de comunicação via WhatsApp convocando os seguintes órgãos públicos que tem responsabilidade legal na proteção das nossas baías, corpos hídricos e manguezais:
Comissão Interministerial dos Recursos do Mar (CIRM)
Capitania dos Portos (Marinha do Brasil)
INEA/SEAS
IBAMA
ICMBio
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Todas as Secretarias municipais de Meio Ambiente
Ministério Público Federal
Ministério Público Estadual
Defensoria Pública Estadual-RJ
Guarda Marítima
Companhia Docas S/A (Portos Rio) e
Polícia Federal que tem um Núcleo de Proteção ao Meio Ambiente.
Reiteramos às citadas autoridades públicas que não cabe à sociedade civil e nem muito menos às comunidades pesqueiras, tomarem a iniciativa de criação deste canal oficial de comunicação para receber denúncias de crime ambiental, mas sim isso deveria ser feito pelos entes públicos que tem a responsabilidade legal de proteger o meio ambiente e a saúde do Oceano.
Inclusive sugerimos que esta reunião seja realizada num dos auditórios do próprio INEA e/ou da Capitania dos Portos, ou do IBAMA. De antemão o Baía Viva se compromete a participar deste encontro e a mobilizar a presença de pescadores/as artesanais e praticantes de esportes náuticos que diariamente estão nas águas das Baías e podem ser importantes colaboradores do poder público na defesa destes ecossistemas extremamente ameaçados pela intensa poluição ambiental e sucessivos vazamentos de óleo no mar.
Esperamos sinceramente que mais uma vez não prevaleça a omissão, negligência, prevaricação e o eterno jogo de empurra que tem gerado um quadro de irresponsabilidade ambiental generalizada, enquanto os criminosos ambientais agem impunemente!
Movimento Baía Viva
Conselho Diretor
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