Hoje (30/05/2025) foi realizada vistoria aérea (de helicóptero do Aeroporto de Jacarepaguá) aos lixões de Jardim Gramacho (Duque de Caxias), Itaóca (São Gonçalo), Bongaba (Magé) e na Estação de Tratamento de Esgotos da Alegria (bairro do Cajú, Rio de Janeiro) com participação da presidência do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), superintendência do IBAMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), pesquisador da UERJ (Departamento de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente) e do Movimento Baía Viva.
Foram confirmadas em fotos aéreas as grandes lagoas de acumulação de chorume altamente poluente, localizadas em vários municípios fluminenses, com mais de 500 milhões de litros (500 mil m3) que nos períodos de chuva transborda para os corpos hídricos (Baía de Guanabara, Lagoas e Rios).
Como agravante as concessionárias privadas de saneamento básico estão recebendo ilegalmente milhões de litros de chorume para mera DILUIÇÃO nas Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) o que tem provocado problemas operacionais nas ETEs e aumento da poluição dos corpos hídricos.
O que é o chorume?
O chorume é um líquido escuro e altamente tóxico, resultante do processo de decomposição do lixo. A literatura científica disponível deixa claro que as operam Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) não são adequadas para receber esgoto. Entre as substâncias tóxicas encontradas no chorume que não são tratadas nas ETEs destaca-se o Nitrogênio Amoniacal (N-NH4) que é um nutriente que produz a proliferação de uma microbiologia que consome o oxigênio dissolvido nos corpos hídricos, o que vai impactar diretamente toda a cadeia alimentar, além de também impactar a qualidade de vida dos peixes e da água. Há também riscos epidemiológicos e à saúde humana, em função dos conhecidos efeitos deletérios do nitrogênio presente no chorume: o nitrato é tóxico e acusa a doença denominada metaemoglobinemia infantil, que é letal para crianças. Por sua vez, a amônia é um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes; provoca consumo de oxigênio dissolvido das águas naturais ao ser oxidada biologicamente.
As Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) não foram construídas para diluir chorume, que é um poluente altamente tóxico, pois os processos biológicos não removem contaminantes, tais como: amônia, nitratos, nitritos, sais, metais pesados, DQO recalcitrante, compostos algenados, Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), poluentes emergentes e bifais, hormônio e fármacos. Ao continuar jogando ilegalmente chorume produzidos pela decomposição da matéria orgânica do lixo urbano em Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), vamos continuar levando todos estes elementos tóxicos, perigosos, complexos, alguns deles não degradáveis e recalcitrantes, para a cadeia trófica (cadeia alimentar) dos corpos hídricos e baias fluminenses onde estes contaminantes têm sido despejados ilegalmente.
A Baía de Guanabara desde 1998 tem status de proteção legal pela Constituição Estadual-RJ como Área de Preservação Permanente (APP) e como Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) e em 2012 foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, continua sendo fortemente impactada por uma descarga anual estimada em 1 bilhão de litros de chorume não tratado, oriundo de lixões e aterros sanitários localizados em municípios do entorno da Baía como o Lixão Metropolitano de Jardim Gramacho (Duque de Caxias), Lixão de Itaóca (São Gonçalo), Lixão de Bongaba (Magé) e Lixão de Babi (Belford Roxo), entre outros. O despejo irregular desse efluente tóxico está provocando a contaminação das águas, manguezais e territórios pesqueiros, afetando diretamente a saúde de pescadores/as artesanais e catadores/as de caranguejos, gerando prejuízos à biodiversidade marinha e impactos socioeconômicos severos nas comunidades costeiras.
Mais informações: (21) 99907-5946 (Whatsapp) – Movimento Baía Viva
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