Por Comunicação Movimento Baía Viva

Um grupo de mais de 300 indígenas ocupou no dia 12 de Maio, uma parte do Parque Estadual do Cunhambebe, em Mangaratiba, na Costa Verde fluminense. O Movimento Baía Viva, fundado em 1984, está acompanhando de perto a retomada da Terra Indígena pelos povos originários e participou da reunião realizada no dia 13 de Maio com integrantes da FUNAI, Polícia Federal, INEA, Batalhão de Polícia Florestal, Prefeitura de Mangaratiba. Entendemos que os atuais territórios indígenas encontram-se em melhor estágio de conservação ambiental no Brasil, mostrando quem são os verdadeiros Guardiões da Natureza. É a retomada da ancestral Terra Indígena onde viveu o Guerreiro Cunhambebe que atualmente é um Parque Estadual gerido pelo Instituto Estadual do Ambiente, o INEA.

 
Imagens da reunião realizada no dia 13 de Maio no Pq Estadual Cunhambebe, em Mangaratiba, RJ 

Na manhã desta terça-feira, 17 de maio, o Conselho Estadual dos Direitos Indígenas, o CEDIND-RJ, órgão colegiado criado em 2018 e vinculado à Secretaria Estadual dos Direitos Humanos, promoveu uma Assembleia Extraordinária na sede do Parque Estadual Cunhambebe, em Mangaratiba, RJ, e deu continuidade ao processo de escuta dos Povos Indígenas de 32 etnias. São cerca de 400 pessoas vindas de vários Estados da federação, que desde a tarde do dia 12 de maio estão acampadas numa área privada ao lado da sede do Parque. Também participaram da reunião do dia 17/5, representantes das aldeias fluminenses de Araponga, etnia Guarani Mbyá, do Rio Pequeno, etnia Guarani Nhandeva, e de Iriri, da etnia Pataxó, todos localizados em Paraty, que manifestaram apoio à Retomada Cunhambebe.

Diálogos
Em reunião realizada na última sexta-feira, com lideranças indígenas da Retomada Cunhambebe e representantes de vários órgãos públicos federais como a FUNAI, SESAI/Ministério da Saúde e Polícia Federal, do Estado do Rio de Janeiro, como o INEA e o Batalhão Florestal, da Prefeitura de Mangaratiba e membros do CEDIND-RJ, deram início a um processo de diálogo entre as instituições e lideranças presentes visando um convívio pacífico, no encontro realizado no auditório da sede do Parque Estadual Cunhambebe.

Para Sérgio Ricardo Potiguara, membro do CEDIND-RJ onde é representante da órgão GRUMIN, fundada em 1978 e presidida pela escritora Eliane Potiguara. “A meu ver, a ação prioritária do Conselho de políticas públicas tem sido o de promover e apoiar a continuidade do processo de escuta dos participantes da Retomada Cunhambebe e averiguar in loco as condições de saúde, assistência social e segurança alimentar no local já que há crianças e idosos participando da ocupação”, explicou.

O co-fundador do Movimento Baía Viva, Sergio Ricardo, complementa: “Os parentes de várias etnias trazem uma mensagem dos encantados de que vieram retomar o ancestral território indígena onde viveu o Guerreiro Cunhambebe e, com isso, dar início a um processo de cura ao Estado do Rio de Janeiro que, por ter sido no passado um território onde ocorreu o extermínio dos povos originários que aqui viviam antes da colonização europeia e onde houve a destruição quase completa da Mata Atlântica, ainda hoje é um território marcado pela decadência econômica, degradação ambiental, violência urbana e crescente desigualdade social. As oito aldeias existentes no estado do Rio de Janeiro localizadas em três municípios, Maricá, Angra dos Reis e Paraty, estão sofrendo hoje com a ausência e/ou precariedade de políticas públicas essenciais à manutenção do modo de vida destes povos tradicionais, tais como: saneamento básico, saúde, educação e segurança alimentar”. Para o ambientalista Sérgio Ricardo, a sociedade contemporânea brasileira e o povo fluminense tem muito a aprender com a “medicina indígena, a medicina da floresta, principalmente nos tempos pandêmicos em que vivemos.”

Galeria Retomada Cunhambebe em Mangaratiba – Maio/2022

13 de Maio de 2022

 

17 de Maio 2022