A Cerimônia do Nhemomgarai da Tekoá Ka’ Aguy Porã, na Aldeia Guarani Mbyá de Mata Verde Bonita, em Maricá, reuniu parentes e colaboradores do movimento Baía Viva, no dia 31 de janeiro,  de manhã até a noite. A festa que cerca a cerimônia foi a primeira comemoração também dos novos parentes chegados da Argentina, oriundos de processo de emigração forçada por dificuldades de sobrevivência no território em que viviam.

Agradecemos aqui a todos que colaboraram para viabilizar a compra de alimentos para o café da manhã e aquisição de milho, mel, chimarrão e fumo de rolo utilizados na cerimônia do Nhemomgarai.

Nesse clima de harmonia, descanso e agradecimentos, a cerimônia seguiu durante todo o dia, com rezas, cantos, danças com os pajés e anciãos da aldeia. A cerimônia não pode ser registrada em vídeo ou fotos, assim como nenhum não-parente pode entrar na casa de reza, por força de tradições ancestrais bem mais antigas que as tradições religiosas de toda a cultura ocidental e oriental, juntas.

Artista da fotografia passou o dia na Aldeia Guarani de Maricá

A rotina desse dia e as pessoas foram fotografadas pelo colaborador voluntário do movimento Baía Viva, o fotógrafo número um da Baía de Guanabara, Luiz Bhering.  Ele e mais de 50 pessoas  da comunidade, pesquisadores e pesquisadoras, moradores de Maricá, e visitantes ficaram até mais de meia noite no ritual na casa de reza (“Opy”) dos Guaranis durante a celebração do Nhemomgarai onde ocorre anualmente o batismo das crianças e do milho sagrado que é guardado por séculos pelos Guaranis e é considerado um alimento ancestral.

Luiz Bhering formou-se em Fotografia pela City Polytechnic School of Arts and Designer de Londres, 1992. Finalista em diversos concursos fotográficos, primeiro Lugar no Concurso Un Dia En La Vida de Madrid – Patrocinado pela Kodak. De volta ao Brasil dedica-se à fotografia de fine art e expõe em Galerias do Rio, São Paulo, Curitiba e Macau-China. Em 2016, participou do Curso do MOMA, “Lendo Fotografias”.

Atualmente dedica-se a diversos projetos fotográficos: Urbanidades, Território de Pesca e Poesia com o apoio do IBRAM e Museu de Arqueologia de Itaipu-Niterói/RJ, Pescadores Artesanais do Brasil, Baía de Guanabara e Flora Brasilis. Nessa linha, ele começou o trabalho, por ora batizado Guarani, onde vai colocar suas lentes na direção do passado ancestral do povo brasileiro.

Para Luis Bhering foi um dia muito especial. ” Foi a situação de poder fotografá-los, de poder conviver com eles. Por conta de eu ter visto o tanto de vida comunitária que eles têm, o carinho que as gerações diferentes têm umas pelas outras, a responsabilidade de um dos meninos que eu fotografei segurando uma sobrinha pequena. Era comovente o carinho deles e também o respeito que eles têm pelos mais velhos.

Eu tive o prazer de conhecer o pajé desse grupo que acaba de chegar da Argentina, com muitas crianças, e foi emocionante o sentido de ver como existe um elo familiar, comunitário, e que eles, unidos, são mais fortes por todos os problemas que eles têm enfrentado. E isso foi a parte assim que me comoveu mais.

Depois a cerimônia na casa de reza ( Opy ) , a dança, que a gente participou heroicamente durante horas lá dançando. Ficou marcado nas minhas memórias. Eu tive acesso a uma questão de fotografar coisas cristalinas, pessoas cristalinas que olharam para a câmera como há muito tempo eu não via, que é uma coisa diferente ” declarou o artista.

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