Imagens: Custódio Coimbra, O Globo.

Em carta aberta enviada ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, a Articulação Antinuclear Brasileira (AAB) cita os recentes desastres ambientais do Rio Grande do Sul como alerta grave para o que pode acontecer com resíduos e instalações nucleares, se forem (ou quando forem ) atingidas por algum novo patamar de chuvas ou secas com incêndios.

E mesmo se nada acontecer, a confirmação de que a Eletronuclear passa por problemas financeiros, conforme cita a carta, já é uma ameaça grave e permanente.

” O diretor financeiro da Eletronuclear – gestora das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (em construção desde 1984) – declarou que a empresa vive um “estresse de caixa”, devido ao acúmulo de dívidas, que não tem condição de quitar, relacionadas à produção do combustível (urânio enriquecido) dos reatores das usinas atômicas e aos juros de empréstimos devidos ao BNDES e à CEF. Com esses bancos, a dívida chegava a R$ 6,6 bilhões, em 2021. Os projetos são os de sempre: estender a vida útil de Angra 1, investindo cerca de R$ 3 bilhões, numa usina que deveria ter sido fechada em 2018, segundo técnicos do setor; e concluir Angra 3, consumindo mais R$ 20 bilhões. Por outro lado, auditoria operacional do TCU, em 2023, mostrou os riscos da sustentabilidade econômico-financeira da INB, sinalizando que a inexistência de incentivos naturais e regulatórios na produção desse combustível e a não implementação integral da política de gestão de riscos pode resultar em desequilíbrio econômico e financeiro da empresa “, diz a carta.

Grupo atua há 23 anos

Conforme citado em sua definição, no site brasilantinuclear.ning.com, a Articulação Antinuclear Brasileira (AAB) foi criada em 3 de maio de 2011 em encontro no Rio de Janeiro promovido pela Fundação Heinrich Böll, em parceria com a Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA). É integrada por indivíduos, entidades, movimentos socioambientais e pesquisadores.

Com essa base sólida de pesquisa e conhecimento, o grupo alerta para o caso de desastre climático nas regiões onde são guardados rejeitos.

” Com o fim das atividades da primeira exploração de urânio do Brasil, em Caldas (MG), ocorrida de 1982 a 1995, o descomissionamento dos 1.360 hectares diretamente impactados pela mineração deveria ter começado. Mas, 29 anos depois, quase nada mudou. A Unidade de Descomissionamento da INB em Caldas continua armazenando doze e meia toneladas de lixo nuclear, provenientes da extração de urânio e de outras atividades nucleares do Brasil, incluindo mais de 19 mil tambores com torta II (urânio e tório) procedentes da Usina de Santo Amaro (SP), da Nuclemon. Desde ano passado, a Agência Nacional de Mineração vem monitorando a grave situação de barragens de rejeitos com problemas de estabilidade, como nível de água acima da cota máxima, com risco iminente de transbordamento, além de fissuras que podem causar rompimento”, diz a carta.

 

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