Ao Exmo. Sr. Prefeito do Município do Rio de Janeiro, Eduardo Paes
Ao Exmo. Sr. Subprefeito da Zona Norte do Rio de Janeiro, Diego Vaz
Ao Exmo. Sr. Secretário de Cultura do Rio de Janeiro, Marcus Faustini
Ao Exmo. Sr. Secretário de Planejamento Urbano do Rio de Janeiro, Washington Farjado
Aos Exmos. Vereadores do Município do Rio de Janeiro,

Nós, abaixo-assinados, solicitamos vossa atenção nesta iniciativa popular, na qual requeremos que o poder público municipal, associado com a iniciativa privada, tome a medida de transformar o Cine Guaraci em um Centro Cultural, gerando emprego, renda, educação e cultura para a região. O bairro de Rocha Miranda contou o funcionamento do cinema até os anos 80, marcando a vida de diversas pessoas; o abandono que se seguiu no espaço não deve ser usado como justificativa para projetos sem embasamento verdadeiro. Comemorar o destombamento de um patrimônio cultural parte de uma narrativa assimétrica que pretende colocar a região em um lugar subalterno a outros ambientes. O histórico cinema de Rocha Miranda, por projeto de lei do vereador Jair da Mendes Gomes (PROS), sancionado na Câmara Municipal, passou por um destombamento parcial do imóvel para fins comerciais, garantindo somente a manutenção da fachada. O Cine Guaraci já sofreu outras tentativas de destombamento, sancionadas e depois revogadas por pressão popular, o que comprova a importância do espaço para os habitantes do bairro e dos arredores. Nesse momento, ocorre o processo de transformação do Cine Guaraci em uma loja, que, se concretizado, significa sacrificar um grande vetor cultural para Rocha Miranda e regiões próximas.

É inadmissível que a cidade do Rio de Janeiro, a que possui maior número de cinemas no Brasil, não esteja cuidando desse patrimônio histórico e cultural que são os cinemas de rua. Principalmente, analisando-se o direito ao acesso à cidade e o que ela deve oferecer aos habitantes, afinal, a normalização de longas viagens para a sociabilidade, o pertencimento e o lazer é inadmissível, os cariocas merecem o poder de viver e não apenas trabalhar e consumir. Os suburbanos fazem parte da formação do Rio de Janeiro, a zona norte integra o município, e é necessário haver o compromisso de dar atenção a ela assim como aos outros ambientes. Além disso, os altos preços cobrados em ingressos nas empresas de exibição localizadas em Shoppings tornam o acesso popular ao cinema cada vez mais restrito. O bairro de Rocha Miranda carece de espaços destinados à arte e ao entretenimento, sendo o Parque Madureira uma das poucas opções disponíveis para milhares de famílias que habitam a região. Acreditamos no Cine Guaraci como alternativa para popularizar o acesso ao cinema e a outros meios culturais, sendo de interesse dos moradores – que desfrutarão de acesso à cultura e geração de empregos – como também dos profissionais que integram a indústria do audiovisual brasileiro – pois diversifica o sistema de distribuição e evita que as idas ao cinema se tornem um evento realizado raramente.

Por fim, lembramos que o Cine Guaraci fez parte da lista de sete cinemas selecionados pela prefeitura do Rio e pela RioFilme, também na gestão do Eduardo Paes, para o projeto CineCarioca, no qual apenas o Imperator foi reaberto enquanto Centro Cultural João Nogueira em 2012. Os nove anos de sucesso do Imperator são um exemplo do que defendemos e demonstra como o projeto CineCarioca deve ser retomado, iniciando pelo Cine Guaraci, que agora corre risco de perda de patrimônio para uma obra injustificada, afinal, o único argumento apresentado é a geração de empregos, sendo que a cultura também gera empregos, inclusive mais diversificados do que uma loja, a qual poderia ser aberta em outros prédios do bairro. Outros exemplos de que a população da zona norte carioca se apropria dos espaços e deseja usar os cinemas para a cultura são o Ponto Cine, onde sempre há muita adesão e todos lutam pela manutenção; e o Cine Vaz Lobo, o qual já sofreu a possibilidade de derrubada e a mobilização popular e profissional impediu. No mais, a música “Comida”, do grupo Titãs, é de 2008, porém a temática é atual mesmo em 2021, porque a comida precisa vir acompanhada de diversão e arte, só assim o subúrbio será capaz de crescer e se fortalecer: de maneira autônoma e pertencente.

Assim, exigimos de todas as autoridades competentes supracitadas:

  • A interrupção imediata das obras que visam transformar o Cine Guaraci em uma loja.
  • Retomar o projeto da prefeitura, proposto em 2012, de realizar vistoria e obras com a finalidade de recuperar o prédio e
    transformá-lo em um Centro Cultural.

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