Uma tragédia ambiental, numa planta industrial dentro do Terminal da Ribeira, na rua Campo da Ribeira, trouxe medo, tensão e toneladas de fuligem negra de óleo queimado por sobre o bairro tradicional da Ilha do Governador. As consequências ambientais são impossíveis de serem previstas nesse momento que o incendio ainda não acabou. Moradores reclamam que passaram a noite com problemas de respiração e alergias, ao forte cheiro de óleo.

Começou por volta da 13h deste sábado, 8 de fevereiro, e 6 unidades do Corpo de Bombeiros foram chamadas, com cerca de 80 soldados.  Não há confirmação de feridos. Os funcionários da empresa Cosan Moove foram retirados do local à tempo. os bombeiros trabalharam toda a tarde resfriando galpões com derivados de petróleo e aguardando as explosões de latões, cerca de 12 foram ouvidas no local. No domingo, pela manhã, ainda havia fogo.

A empresa pertence ao empresário Rubens Ometto, que subiu no ranking de pessoas físicas doadoras às campanhas eleitorais de 2022 e agora figura no 3º lugar, com R$ 1,85 milhão destinado a políticos. As doações foram realizadas entre os dias 22 e 24 de agosto e beneficiam aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), como os ex-ministros Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo.

Reclamação do Baía Viva em 2018 não foi ouvida

O acidente foi previsto com alguns anos de antecedência dentro de um relatório do movimento Baía Viva, encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro. ” Sem nunca ter feito uma vistoria técnica à perigosa e poluente fábrica de óleo da COSAN, em 18 de maio de 2023 a Promotora de Justiça Gabriela Araújo Teixeira Serra, requereu ao Conselho Superior do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), a “PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO” do Inquérito Civil ICMA 9263 – MPRJ 2019.00221439 instaurado em 30/05/2019 por solicitação do Movimento Baía Viva para apurar a notícia de suposto risco de desastre tecnológico na Ilha do Governador ” declarou Sérgio Ricardo, coordenador do BV, na comunicação sobre o acidente.

Segundo o relatório o local não possui plano de contingência em caso de acidentes ambientais em instalações industriais que apresentariam elevado potencial poluidor e elevado risco ambiental, bem como investigar o controle e monitoramento de produtos perigosos no local, envolvendo a carga de insumos químicos e combustíveis, envolvendo a empresa COSAN e seu processo de licenciamento ambiental, além do manejo por parte da referida empresa de produtos perigosos derivados do petróleo. Foi exatamente o que aconteceu.

 

Protocolo do requerimento feito pelo Baía Viva, em 2019.