Por Comunicação Movimento Baia Viva
Nessa quarta-feira, 17 de Maio, o governo do Estado do Rio iniciou a retirada de embarcações e cascos abandonados na Baía de Guanabara para serem leiloados. O Movimento Baía Viva, que foi o autor em 1992 do conceito de “cemitério de embarcações afundadas e abandonadas na Baía de Guanabara, termo que foi cunhado como um Alerta Ambiental durante a Conferência internacional Rio 92 (ECO 92), quer que os milhões de reais arrecadados da destinação das embarcações de aço e ferro para a indústria da reciclagem sejam investidos exclusivamente em ações de monitoramento ambiental pelas universidades públicas parceiras da UNIVERSIDADE DO MAR (UniMAR) criada em 8 de março de 2022 por ato da Reitoria da UERJ!
Essas sucatas serão vendidas para as siderúrgicas e podem gerar recursos para o ressarcimento dos prejuízos sofridos pelas comunidades pesqueiras por três décadas e no reaparelhamento dos órgãos ambientais e de segurança pública, como a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente – DPMA. A DPMA ainda hoje, não dispõe de embarcações para fiscalizar crimes ambientais provocados nas Baías de Guanabara, Sepetiba e da Ilha Grande, nas lagoas e no vulnerável Rio Paraíba do Sul que abastece diariamente 70% da população fluminense.
Esta proposta foi feita oficialmente pelo Movimento em 1o de dezembro de 2022 para 4 órgãos públicos (Ministérios Públicos Federal e Estadual, a DPMA e ao Núcleo de Meio Ambiente da Polícia Federal) logo após o acidente do navio-sucata São Luiz na ponte Rio-Niterói em novembro de 2022. Até hoje o inseguro navio-sucata São Luiz encontra-se ancorado no Porto do Rio com 50 mil litros de combustível no seu porão. Esta embarcação desde 2021 foi declarada como extremamente insegura pela Justiça Federal devido ao alto grau de corrosão do seu casco e do seu interior. Os ecologistas do Baía Viva que vistoriaram de barco 2 vezes o entorno do São Luiz durante a pandemia, em 2020 e 2021, onde nestas ocasiões constataram as precárias condições de segurança ambiental deste navio-sucata, temem a ocorrência de novos desastres ambientais por vazamento de óleo no mar.
ECOLOGISTAS QUEREM DESTINAR RECURSOS DO DESCOMISSIONAMENTO DO CEMITÉRIO DE EMBARCAÇÕES PARA A RESTAURAÇÃO DA SAÚDE AMBIENTAL DA BAÍA DE GUANABARA
O Movimento Baía Viva alerta que no período anterior à Olimpíada de 2016, o governo do estado realizou um leilão destas embarcações, o que se transformou numa fraude já que na época foram retiradas apenas as embarcações de aço e ferro que estavam na superfície da água e que apresentavam grande valor comercial e, portanto, alta lucratividade. Naquele período, nenhuma das embarcações de madeira que estão afundadas há 30 anos no canal de São Lourenço e na Ilha da Conceição, em Niterói, foram removidas apesar delas se encontrarem com os cascos apodrecidos e vazando óleo combustível e outras substâncias tóxicas para as águas da Baía de Guanabara.
Para o ecologista Sérgio Ricardo Potiguara, cofundador do Movimento Baía Viva, durante esta operação fraudulenta foi retirado apenas o “filé mignon” (aço e ferro que tem alto valor para a reciclagem) e, na época, alguns poucos ganharam muito dinheiro, mas a Baía de Guanabara e os pescadores artesanais continuaram sendo prejudicados pela contaminação provocada por este antigo passivo ambiental!
Foto Thereza Dantas
Deixar um comentário