No Dia 22 de Setembro é celebrado o Dia Mundial Sem Carro. O evento que começou na França, no final dos anos 1990, visa estimular as pessoas a rever suas relações com carro ou moto. Hoje são milhões de pessoas envolvidas em centenas de milhares de eventos Dia Mundial Sem Carro. E o planeta agradece.

No Rio de Janeiro, com a ameaça de chuvas torrenciais naquela quinta-feira, a Prefeitura cancelou os eventos planejados com os ativistas.

Mas nem todos cancelaram com medo da chuva que não veio. Um grupo de ciclistas da Ilha do Governador inaugurou na data festiva uma rota inédita. Um caminho para o Centro que não passa pela Avenida Brasil, Linha Vermelha ou qualquer via tumultuada ou proibida para ciclistas. A nova saída é pela água. E vale frisar que não é barca da CCR, concessionária desistente daquele serviço tão necessário ao fluminense.

Maria Paz, Alexandra, e a chegada ao cais do Caju. É a primeira viagem de um grupo de ciclistas naquele canal.

O passeio pioneiro começou na Ilha do Governador, mas a novidade está na região da outra Ilha, a do Fundão. A Ilha da URFJ está coberta de ciclovias exclusivas, segregadas, sem que se possa sair da UFRJ pedalando. Para incentivar o uso do sistema a Universidade, através do Fundo Verde pretende instalar bicicletas de aluguel para circularem dentro da Ilha do Fundão. Boa. Mas como o ciclista mais experiente pode sair com sua magrela até onde mora ?

” A UFRJ tem uma longa história com bicicletas. Quando o local era deserto e não servia de passagem para outros trajetos, ali reinava a paz para quem fazia treinos de speed ( bicicletas de corrida ). À medida que o tráfego aumentava, o choque foi inevitável. Em 2014 houve um acidente com quatro  ciclistas da ACIG, Associação da Ilha que montava uma equipe de competição. O projeto terminou ali ” lembra o técnico da equipe, Humberto Schimidt.

As ciclovias vieram em 2010, antes do acidente. As velocidades controladas vieram depois do acidente. Hoje, a máxima é de 50 km/h num lugar que já foi também pista de provas automobilísticas nos anos 1950. O sistema cicloviário foi recém pintado, o uso interno cresceu bastante depois da pandemia e até no Centro de Pesquisa da Petrobrás (Cempes ) foi instalado um bicicletário.

“Esse passeio da UFRJ pra Rodoviária foi uma maravilha, inacreditável chegar no Centro assim “, afirmou Maria Paz, do grupo Os Ciclanos.

Isso tudo reforça a necessidade de reavaliar outros caminhos. O grupo dos Ciclanos realizou  a travessia para o Caju utilizando barcos de pescadores, certificados e com salva-vidas. Um projeto apoiado pelo Movimento Baía Viva e estruturado pelos Ciclanos, com apoio da ONG da Transporte Ativo, ONG de Mobilidade Urbana do Rio.