Ao CONSÓRCIO LAGOS SÃO JOÃO – CIBHLSJ
À PROLAGOS
À AGENERSA
Ao INEA
Ao TCE
À ALERJ
Ao BNDES
Aos Ministério Público Federal de São Pedro Da Aldeia
Aos Ministério Público Estadual de Cabo Frio/Búzios, São Pedro da Aldeia, Iguaba e Araruama.
Assunto: Nota de repúdio contra a aprovação, elaboração, execução, concessão, licitação que tratem de
transposição ou derrame de efluentes das 7 ETEs da Prolagos na Bacia do Rio Una.

NOTA DE REPÚDIO

Como legítimos representantes da sociedade civil organizada e instituições de destacada atuação na proteção
do ecossistema protegido de Armação dos Búzios e da Bacia Hídrica do Rio Una, na busca de uma relação
harmoniosa entre o processo de desenvolvimento humano e o meio ambiente, as entidades listadas abaixo vêm
a público manifestar, com grande consternação, seu repúdio e discordância com atitudes tomadas de maneira
precipitada e imprudente para a implementação do “projeto de transposição com derrame de efluentes das 7
Estações de Tratamento {ETEs) da Prolagos na Bacia do Rio Una”.

A proposta foi sugerida como “solução” apontada para despoluir a Lagoa de Araruama, a qual recebe os
deságues das ETEs da Prolagos, em ampla maioria de tratamento primário. Apoiamos a missão de despoluição
de qualquer ambiente a ser protegido, mas não podemos aceitar que se conserte um fato errado, causando um
dano maior e irreversível a outros ambientes legalmente e ambientalmente protegidos.

Somos todos PRÓ RIO UNA, à favor da Bacia, em defesa do mar territorial, cujo arraste natural da corrente
marinha poderá atingir ambientes raros e tombados por Parques Ecológicos, como a Unidade de Conservação
Municipal e também APP do Mangue de Pedra (ecossistema raro mundial), as Paleofálesias da Praia Rasa, a
biodiversidade marinha e o maior banco de macroalgas Sargassum do Estado presentes na Praia Rasa, o Parque
dos Corais, a APA Marinha Brasil, o Parque Estadual da Costa do Sol (PECSOL) em seus Núcleos da Azeda
e de Tartaruga, além da zona de amortecimento desta UC, a APA da Azeda, além de afetar as culturas
quilombola, pesqueira e marisqueira, toda rede turística da região e provocar a desvalorização crescente dos
imóveis do município.

O Licenciamento Ambiental é um mecanismo criado para garantir a segurança ambiental, social e jurídica na
instalação e operação de atividades de impacto ambiental, tema altamente complexo e técnico, que exige oitiva
de especialistas e ampla participação da sociedade antes da tomada de qualquer decisão. Estamos diante de
uma violação flagrante da Constituição Federal de 1988, da Convenção n º169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) e o Decreto nº6.040/20027 que protegem e reconhecem os direitos dos Povos Tradicionais
(pescadores artesanais, comunidades quilombolas) que serão diretamente impactados/afetados por este
equivocado empreendimento.

Há todo um processo de construção de jurisprudência no Direito Ambiental, com algumas ações judiciais
(ACPs) propostas pelo MPF ou movimentos sociais, que visa obrigar e assegurar o direito à consulta livre,
prévia e informada das populações tradicionais (OIT 169), em todos os processos de licenciamentos ambientais
de grandes empreendimentos, e a sua falta caracteriza por si só uma ilegalidade ou vício de origem do atual
processo de licenciamento a cargo do INEA.

Invocando o Princípio da Precaução, exigimos que seja imediatamente paralisado a implementação do Projeto
que pretende lançar o esgoto da Região dos Lagos na Bacia do Rio Una. Uma vez que são desconhecidos os
estudos técnicos que quantifiquem a dimensão dos impactos socioambientais que certamente ocorrerão,
requeremos a criação de uma equipe técnica transdisciplinar e independente que fundamente a restauração, a
revitalização, a proteção e a preservação da Bacia do Rio Una.

Exigimos que sejam tomadas todas as medidas para proteger este ecossistema desta interferência na Bacia do
Rio Una. Diante disso, as organizações abaixo assinadas repudiam qualquer tentativa de implementação deste projeto.
SOS RIO UNA JÁ!

 

Assinam este documento as entidades anexas.