Coincidência Perturbadora: Duas Peças “Ouroboros” emergem no Rio sem combinação prévia
O Rio de Janeiro testemunhará um fenômeno intrigante em outubro: duas peças de teatro, ambas intituladas “Ouroboros” , serão encenadas quase simultaneamente na cidade. As produções, concebidas de forma totalmente independente, desconheciam a existência uma da outra até se depararem com suas próprias divulgações na internet. A revelação causou espanto e uma inevitável reflexão sobre os fios invisíveis que conectam ideias artísticas.
O Ouroboros é um símbolo ancestral, representado por uma serpente ou dragão que devora a própria cauda, formando um círculo. Na alquimia, na mitologia e no misticismo, ele representa o ciclo infinito da vida, da morte e do renascimento, a eterna repetição, a unidade de todas as coisas e o conceito de que o fim é sempre um novo começo. É a imagem perfeita para a autorreflexão, o retorno a si mesmo e a destruição criativa necessária para a transformação.
É justamente nesse terreno simbólico e sensorial que ambas as peças decidem pisar, explorando, cada uma à sua maneira, temas de renascimento e resgate da identidade. A coincidência vai além do título e toca a essência temática, sugerindo uma sincronicidade que desafia a lógica e instiga a curiosidade.
De um lado, “Ouroboros – Recomeços” , no Cine-Teatro Barra Point, propõe uma imersão teatral intelectual, com um texto complexo que desafia o público a decifrar camadas de significado, entrelaçando passado e presente em uma narrativa repleta de suspense e questionamentos filosóficos.
Do outro, “Ouroboros” , no Teatro Candido Mendes, se define como uma experiência sensorial e interativa, que mergulha nos sentidos como forma de resgate do próprio corpo e da própria história, atravessando a poética dos ciclos — da morte ao renascimento.
Duas visões artísticas distintas, dois locais diferentes, a mesma cidade e o mesmo símbolo poderoso servindo de farol. Será um acaso? Ou será o espírito do tempo manifestando-se através da arte? Para o público e para a crítica, surge a rara oportunidade de experienciar duas interpretações cênicas de um mesmo arquétipo universal, criando um diálogo não planejado, mas profundamente significativo, sobre os recomeços que todos carregamos dentro de si.
Uma não responde à outra, mas ambas conversam com o eterno retorno. A pergunta que fica é: o que o Ouroboros está tentando nos dizer?
LOCAIS E DATAS:
Espetáculo: “Ouroboros – Recomeços” CONTATO – Márcia 21 97006-5663
Local: Cine-Teatro Barra Point (Av. Armando Lombardi, 350 – 3º piso – Barra da Tijuca)
Datas: 11 e 18 de outubro
Horário: 20h
Espetáculo: “Ouroboros” CONTATO – Rafaela – instagram.com/ouroboros_performance/
Local: Teatro Candido Mendes, sala 01 (Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema)
Datas: Terças-feiras de outubro
Horário: 20h


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