A Biblioteca Euclides da Cunha, na Ilha do Governador, está passando por mudanças, como parte de um acordo de colaboração entre o SESC – Serviço Social do Comércio – e a prefeitura do Rio de Janeiro.  Com isso perdeu a História, com H maiúsculo. O Centro de Referência Histórica da Ilha foi despejado da biblioteca. E realocado no centro administrativo, no Jardim Carioca, conhecido por sub-prefeitura da Ilha e Zona Norte, ao lado do Shopping Center Ilha Plaza.

400 anos de História na Ilha do Governador

futura sala do acervo

Em reunião no dia 15 de agosto na Subprefeitura das Ilhas, pesquisadores do Projeto Museu Insulano e ativistas do Movimento Baía Viva protocolaram ofício propondo que a Prefeitura do Rio de Janeiro publique um ato administrativo de reconhecimento da importância do acervo memorialístico do Centro de Referência Histórica da Ilha do Governador (CRHIG).

“Quando deu-se a privatização da gestão da Biblioteca Popular Euclides da Cunha atualmente sob administração da Fecomércio/SESC, o acervo está sem uma destinação adequada e segura, e parte dele precisa ter cuidados urgentes para evitar sua destruição por traças e cupins, bem como que este material de valor histórico precisa ser digitalizado e colocado para acesso ao público, escolas e pesquisas acadêmicas” declara a nota do movimento Baia Viva, nas redes sociais.

Também foi solicitada a criação de um Grupo de Trabalho para identificar um imóvel público na região que venha a abrigar o futuro Museu Vivo Maracajá que é reivindicado desde a década de 1960 pela população local, coletivos de cultura.

A primeira proposta de criação do Museu da Ilha do Governador foi feita pela escritora Cybelle de Ipanema ainda nos anos 1960 e até hoje não houve o reconhecimento pelo poder público da importância de resgatar e preservar a Memória e a História dos primeiros habitantes da região, os povos “Maracajá” da etnia Temiminós, pertencentes ao ramo linguístico Tupi que no período da Colonização europeia habitavam o território da atual Ilha do Governador (“Ilha de Paranapuã” ou “Ilha do Gato”; “Ilha dos Maracajás”), além da existência de registros da presença de africanos escravizados neste território ancestral.