Por Thereza Dantas, comunicadora voluntária do Movimento Baía Viva
É uma redundância falar que a Baía de Guanabara é um cartão-postal do Rio de Janeiro. O que deve ser informado repetidas vezes é que para esse cartão-postal sobreviver é necessário cuidar das suas águas tratando os dejetos dos esgotos e os poluentes químicos que hoje impedem moradores dos municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói de usufruir despreocupadamente as 53 praias que compõe essa baía que era formada por manguezais e pela fauna e flora da Mata Atlântica.
O Movimento Baía Viva desde a década de 1980, com o então “Coletivo das Águas – S.O.S Baía de Guanabara”, formado por pesquisadores e ecologistas, foi o pioneiro na defesa da Baía de Guanabara de seu ecossistema e biodiversidade. Na manhã do dia 3 de Fevereiro de 2023, integrantes do Movimento Baía Viva embarcaram numa visita com os jornalistas Melissa Rocha e Pedro Henrique Reis, da Agência Sputnik Brasil, pelas águas da famosa baía a partir do cais do Chatão, na Ilha da Conceição, onde o cofundador do Movimento Baía Viva, o ambientalista Sérgio Ricardo de Lima, concedeu uma entrevista que gerou duas matérias para o portal de notícias. A pauta era registrar restos de embarcações, os “navio-fantasmas”, que assombram a superfície de 400 kms da Baía de Guanabara. Sem grandes esforços, o grupo de pesquisadores e comunicadores filmou e fotografou mais de duas dezenas de carcaças de navios abandonados degradando as águas da Baía de Guanabara com ferro e óleo.
O número correto de “navio-fantasmas” é um mistério que ronda esse local. Nenhuma instituição pública é capaz de responder com exatidão quantos navios estão apodrecendo e poluindo as águas da baía. A Capitania dos Portos informa que são mais de 60 navios abandonados, a UFF em parceria com a Prefeitura de Niterói e a Fundação Euclydes Cunha mapeou, em 2022, 58 embarcações abandonadas. Ao registrar o abandono dessas embarcações, 10 ou 60 ou 200, observamos manchas de óleo e ferrugem que estão comprometendo o trabalho dos pescadores e a sobrevivência de suas famílias, a qualidade das praias, o habitat de diversos animais dos manguezais e a beleza do cartão-postal do Rio de Janeiro. Talvez seja necessário informar mais uma vez: é urgente cuidar da Baía de Guanabara tratando os dejetos dos esgotos e os poluentes químicos que são jogados quase in natura nas suas águas!
– Com 200 carcaças, cemitério de navios da Baía de Guanabara é considerado bomba-relógio, link aqui
– Porta-aviões: afundamento não foi nem crime nem tragédia, mas enorme mau exemplo, dizem analistas, link aqui
Fotos gentilmente cedidas por Pedro Henrique Reis e Lucas Abreu
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