O Rio Ocean Week encerrou sua primeira edição neste domingo, 26 de outubro, consolidando o Museu do Amanhã como o epicentro do debate sobre a sustentabilidade marinha na América Latina. O último dia do evento, que uniu ciência, cultura e ativismo, foi marcado por discussões cruciais e pela presença de grandes nomes da conservação, atraindo um público intenso em busca de soluções para a crise climática e a saúde dos oceanos.

O principal destaque do encerramento foi a participação do renomado ativista Paul Watson, fundador da Sea Shepherd Conservation Society. Considerado uma lenda global na defesa da vida marinha, Watson fez uma convocação contundente à ação direta pela proteção dos mares. Sua presença reforçou o lançamento do “Manifesto Pelo Futuro do Oceano”, um documento que sela o compromisso do evento com a pressão por políticas públicas eficazes, marcando o ápice do ativismo na programação.

A Conexão Vital entre a Baía e a Saúde Pública

Como segundo evento de maior destaque do dia, a tarde de domingo foi dedicada a uma discussão fundamental sobre a realidade local. Às 16h, no Palco Mar Aberto (Arena Esquenta COP), ocorreu a roda de conversa “Nossa saúde é única e azul!”.

O painel reuniu um grupo robusto de especialistas. Carla Campos, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),  Sérgio Ricardo Potiguara, do Movimento Baía Viva, e representantes do Instituto Mar Urbano e do Instituto BW. A discussão focou na interligação essencial entre o bem-estar humano e a preservação dos ecossistemas aquáticos.

” O problema dos manguezais ( na Baía de Guanabara ) é crônico, com as inundações. Há décadas o prof. Elmo Amador ( um dos fundadores do Baía Viva ) já alertava. Cerca de 80 km2  foram aterrados. O mesmo tamanho do manguezal ( preservado na APA ) de Guapimirim é o tamanho das áreas aterradas. Inclusive aqui, no Museu do Amanhã. E a Baía sofre com isso, e os povos originários, seus antepassados, também ” disse Sérgio Ricardo, ao relacionar as enchentes que causam danos à saúde da população ribeirinha na Baía.

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Utilizando a Baía de Guanabara como estudo de caso central, os debatedores sublinharam como a degradação e a poluição da baía impactam diretamente a saúde pública da população fluminense. O encontro ressaltou a urgência de tratar a recuperação ambiental dos biomas aquáticos não apenas como uma pauta ecológica, mas como uma condição vital para a saúde humana.

Baía Viva e FioCruz estão em parceria cada vez mais produtiva

o Movimento Baía Viva tem colaborado com a Fiocruz em projetos que visam a melhoria da saúde e das condições de vida de comunidades tradicionais e indígenas no estado do Rio de Janeiro. Os principais projetos e iniciativas noticiados incluem:

Acordo de Cooperação Técnica: Em outubro de 2024, a Fiocruz e o Movimento Baía Viva assinaram um Acordo de Cooperação Técnica para beneficiar oito aldeias de povos originários do estado do Rio de Janeiro. O acordo foca na implantação de projetos de promoção de “territórios sustentáveis e saudáveis”.

Projeto Bem Viver dos Povos Indígenas: A parceria visa identificar estratégias e ações para a promoção de territórios sustentáveis e saudáveis, focando na segurança alimentar, saúde única e integral para as comunidades indígenas do estado. Esse projeto se alinha com a “Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030”.

Ações de segurança alimentar: Em fevereiro de 2025, a Fiocruz e movimentos sociais, incluindo o Baía Viva, se uniram para fortalecer a segurança alimentar de comunidades indígenas do Rio de Janeiro.

Eventos e seminários: A colaboração também se estende à organização de eventos, como o Primeiro Encontro dos Povos Indígenas do estado do Rio de Janeiro, realizado na Fiocruz, e a Pré-Conferência Participativa sobre a Baía de Guanabara, que contou com o apoio do Baía Viva.

Exposição cultural: Em abril de 2025, foi realizada a exposição “Ser na Mata – Olhares sobre os Povos”, em parceria com a Fiocruz e o Baía Viva, com a participação do fotógrafo do Baía Viva, Claudio Fagundes.

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