Enquanto a Espanha sofre em Valência a perda de quase 300 vidas, numa tragédia ambiental diretamente ligada às mudanças climáticas – não chovia assim desde 1950 – o único alerta possível de ser feito durante o G20 no Rio de Janeiro virá de Copacabana, por onde passam as comitivas hospedadas nos Hotéis de luxo da Zona Sul.
É a marcha da Cúpula dos Povos frente ao G20, grupo de entidades sociais e de meio ambiente, com o movimento Baía Viva, criado há um mês em evento na Rocinha. ” O Baía Viva, além da Coalizão pelo clima – RJ, está participando da construção da Cúpula dos Povos na COP20 e da construção da Agenda Social do G20, com a Maria Júlia participando de reuniões e seminário há meses. Vamos mobilizar para a marcha daqui pra frente”, declarou o coordenador do Baía Viva, Sérgio Ricardo Potiguara.
A marcha está programada para o dia 16 de novembro, às 8h da manhã, no início do posto 6. Muito mais que as comitivas em carros fechados, vão assistir as vozes de protesto todas as redes de comunicação de ativistas no mundo, como repercussão da divulgação gerada num evento mundial desses.
” A cúpula dos Povos acontece primeiro na ABI dia 14 de novembro, às 14h, no Centro da Cidade. A mobilização quer denunciar a responsabilidade de países do G20 com relação à fome, às guerras, à catástrofe climática e à exploração do trabalho e da natureza” diz o folheto de convocação aos dois eventos. ” No G20 que os líderes globais tomam decisões e adotam políticas que ditam os rumos da economia no mundo e por isso nos afeta em cheio. Na prática, há redução de recursos do orçamento público – dinheiro do povo – com a falsa ideia de que isso é “gasto”, quando deveria ser investimento no que a população tanto precisa”, diz a divulgação.
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Uma das demandas do G20 é a redução da divida pública de países em desenvolvimento, como no Brasil. Os países membros do G20 representam 85% do PIB mundial, mais de 75% do comércio e cerca de dois terços da população do planeta.
Ativistas e voluntários convocados para o protesto no G20
O movimento Baía Viva participa desde a abertura da Cúpula dos Povos, com Jailson Florêncio, Francisca e Adriana Odara nas reuniões preparatórias dos eventos. ” Teremos hoje, dia 5, mais uma reunião on-line da plenária e na quinta uma reunião presencial para o grupo no Rio de Janeiro. O momento é de convocação e distribuição de cards nas redes sociais, e garantir a presença dos voluntários do Baía Viva no evento”, disse Adriana, pela operativa da Cúpula. Ela está no Baía Viva desde 2017, é coordenadora do Movimento Negro Unificado.
Outro grupo que o Baía Viva faz parte, com Claudio Fagundes nas reuniões, é a Coalização pelo Clima – RJ, grupo de ambientalistas que tem pauta local para exigir das autoridades mais recursos e atenção à crise climática. Eles também participam da Cúpula dos Povos e concordaram com a data única e evento único para enfrentar a resistências da prefeitura do Rio e da organização do evento, que tirou a possibilidade de qualquer manifestação próxima ao Museu do MAM, no Centro, onde acontece o encontro dos líderes e presidentes.
Acompanhe nossas postagens nas redes sociais para atualizar os esforços para esses eventos terem a participação de todos. Porque a crise climática atinge a todos, em suas consequências imediatas e de longo prazo.
G20 social é opção para participar dentro do evento.
O G20 Social é um fórum paralelo ao G20, uma inovação proposta pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, no fechamento do G20 em Nova Dheli. É uma pauta social e cultural para atrair movimentos sociais, debater temas relacionados ao combate à fome e às desigualdade sociais, às mudanças climáticas e à nova governança global.
” Nós do Baía Viva fizemos parte do GT2 Sistemas Alimentares, Fome e Pobreza “, conta Maria Júlia Carvalho, cientista ambiental, representante do BV no C20, nas reuniões preparatórias dos documentos com sugestões aos líderes do G20 em suas tomadas de decisões. ” As políticas públicas sugeridas já estão no documento final, que já foi entregue aos tomadores de decisão do encontro”, disse.
Cúpula do G20 Social vai ocupar entre os dias 14 e 16 de novembro a Praça Mauá. ” A participação social garante espaço, às vésperas da Cúpula de Líderes do G20, para as diferentes vozes, lutas e reivindicações das populações e agentes não-governamentais dos países que compõem as maiores economias do mundo. Assim, o grupo pretende que as colaborações da sociedade civil sejam analisadas e, se houver consenso, incorporadas à Declaração de Líderes ” diz a divulgação.
Na prática, vão acontecer alguns eventos e algumas mesas de tentativas de consenso, nos seguintes assuntos: sociedade civil, juventude, mulheres, trabalho, cidades, business, ciências, Startups, governança, tribunais de contas e cortes supremas, oceanos. Mais uma vez a urgência por financiamentos e novos protocolos públicos para tratar emergências climáticas ficou de fora.
Os eventos da Cúpula do G20 Social serão feiras organizadas ao longo do Boulevard Olímpico, que vai dos Jardins do Valongo ao Cais da Imperatriz, também na Praça Mauá. Serão três caminhos temáticos: o da Sustentabilidade, com artesanato e serviços; o do Combate à Fome, com produtos alimentícios e agroecológicos; e o da Cultura dos Povos, com literatura, publicações e divulgações sociais. 150 barracas foram selecionadas num processo que recebeu 264 inscrições, apenas.
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